sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Comentário à Carta 70 (Capítulo 2 de 5)

Por Maria Vanda (Ir. Maria Silvia, Obl. OSB)
 
                                                 Santo Antão                                                
     
Caros Leitores,

            Dando continuação à nossa proposta contida no preâmbulo do Capítulo I,  vamos aqui dar mais alguns passos no mister de comentar a Carta 70.

            Há, no documento em exame uma pergunta que é feita pelos cristãos, hoje: se não seria possível, mediante nova educação à oração, enriquecer nosso patrimônio, incorporando–lhe também elementos que até agora eram estranhos?

           Bem,  a que elementos estranhos estão os indagantes se referindo?

           É de bom alvitre lembrar que o método da oração cristã, como um todo sempre foi simples.  E como a meditação  é forma de oração, também é estruturada em elementos simples.  

           A teor da Carta 70 vemos que a estrutura  da oração cristã tem seu arquétipo fundado  na fé cristã.  Portanto esse é elemento essencial e inarredável.   É dela e através dela que  o fiel extrairá o nexo fundamental, do seu  relacionamento intimo e pessoal com Deus.  O fiel se desnudará diante de seu Criador e passa a lhe falar com sinceridade e amizade profundas.  Efervesces-se na alma, depurando a verdade necessária para a sua plena aproximação com a Trindade, que lhe dá substância para comungar, como criatura redimida, das virtudes e atributos do batismo. 

           Esse  diálogo intimo e profundo do fiel com Deus é silencioso, recôndito,  isolado. Mas ao mesmo tempo é dinâmico, pois exige um caminhar permanente, uma atitude de conversão.  E essa conversão deve  sempre alimentada na mesa eucarística e nas virtudes batismais.    

          Diz a Carta 70,  que esse caminhar do homem na vida de oração e, pois, no caminho da conversão, implica num êxodo do eu do homem para o Tu de Deus.

          Também afirma que a oração cristã é sempre autenticamente pessoal, individual e, ao mesmo tempo comunitária.

         Nesse passo recusa o Documento técnicas impessoais ou centradas sobre o eu, pois tais métodos  levam a automatismos que acabam por aprisionar o meditante num espiritualismo intimista, que logo o incapacita para uma  abertura livre para o Deus transcendente.

          Admite que a Igreja possa buscar novos métodos de meditação. Mas legitimados, sempre,  no encontro de duas liberdades:   a    infinita de Deus   e a finita do homem, como elemento essencial para uma oração autenticamente cristã.

         Pois bem,  a   questão inicial parece-nos  ainda carecer de melhor análise, para  uma maior clareza de resposta.  Lembrando que a pergunta era:  podemos  educar-nos para a oração e nos é lícito lançar mãos de outros elementos que até agora nos era estranhos?                                    

         Se estivermos falando de oração, que é gênero, da qual a meditação é uma espécie, não podemos colocar elementos que sejam estranhos aos que, com abundância nos trás os Evangelhos Sagrados. 

        Carta em análise nos dá o exemplo dos Salmos, que antecedem  tão antiga Fonte, o Antigo Testamento, como forma de autêntica  oração.  Exemplifica também com o Novo Testamento onde  nos aponta o Cristo como fonte permanente de revelação e de comunhão com o Pai.  Dele emanam as mais belas orações que conhecemos que tinham como elementos inarredáveis:  a fé no Pai que o enviou. A obediência  obstinada no cumprir do que lhe foi revelado, uma certeza imensurável de  que,  pela oração, seria ouvido pelo Pai;  e de que se entregando à cruz, nos remiria dos nossos pecados nos livraria dos nossos pecados e nos restituiria a vida eterna. 

        Pois bem.   As mais belas orações (proferidas com palavras ou no mais profundo silêncio)   foram deixadas por Jesus Cristo. E ele não só as proferiu, mas nos exortou praticá-las e ensinou-nos a dizê-las.

        Delas nos ocuparemos no capítulo III, próximo,  rogando, sempre, amealhar do Espírito Santo, a graça de podermos concretizar.

                Até breve.

                Maria Vanda (Ir. Maria Silvia – OSB-SP  





  

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