quarta-feira, 7 de março de 2012

A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA


 
Este artigo foi gentilmente cedido por Dom João Evangelista Kovas, OSB,
monge beneditino do Mosteiro de São Bento de São Paulo.


A liturgia é o conjunto das orações comunitárias da vida da Igreja. Nelas celebramos a presença de Deus em nosso meio, rememoramos suas Palavras e tomamos parte nas promessas de Deus a seu povo. É muito bom poder nos reunir com os irmãos de fé e juntos elevarmos nossas preces ao Senhor. Se a oração é um meio dos mais excelentes para aproximar os irmãos de fé, há outro motivo ainda mais importante para nos reunirmos em oração: Deus assim nos pede. Já no Antigo Testamento encontramos as diversas passagens, nas quais são narradas as assembléias reunidas para celebrar o louvor do Senhor. Elas se reuniam em certas ocasiões, como em dias de penitência coletiva, dias festivos de ação de graças, dias especiais de solene adoração, em memória dos grandes feitos de Deus em favor de Israel, como a libertação dos hebreus da escravidão do Egito. A partir da Nova e Eterna Aliança, selada em Jesus Cristo em favor de todos os homens, o motivo principal para reunir a comunidade cristã é a celebração da Eucaristia. Foi o próprio Jesus quem nos indicou solenemente essa prática com o “fazei isso em memória de mim” (Lc 22,19; cf. Mt 26,26ss; Mc 14,22-25).

A Eucaristia encerra o grande mistério da missão de Jesus. O seu nome significa “ação de graças”, e ela o é.

Se perguntarmos o que Deus recebe dos homens com maior agrado ou qual é a oferenda que ele faz questão de receber, temos que responder sem quaisquer dúvidas: Jesus Cristo. É isso mesmo! Deus enviou o seu Filho Jesus para nos salvar, e da nossa parte o que Ele nos pede? Jesus Cristo. Isso é a Eucaristia: Jesus Cristo oferecido ao Pai em expiação de nossos pecados e em louvor às grandes maravilhas que Ele faz em nosso favor por intermédio de Jesus Cristo.

Jesus veio para nos redimir do pecado e nos trazer novamente à comunhão com Deus, para isso ele assumiu a natureza humana – se fez um de nós! – e nos atraiu totalmente a ele, de modo que a nossa humanidade não fosse mais a mesma desde a sua vinda. Jesus nos associou de tal modo a si, que se oferece por nós como vítima de expiação, a fim de que pudéssemos oferecer algo agradável a Deus.

Podemos entender agora, porque durante a missa – após a Oração Eucarística e antes do Pai Nosso –, o padre eleva a hóstia e o cálice e diz: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a vós Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda honra e toda glória, agora e para sempre. Amém!” Levantando-se o pão e o vinho, tornados corpo e sangue de Cristo, temos o momento mais solene de toda celebração da missa. Ali se cumpre o ato litúrgico mais importante: oferecemos o Filho Jesus ao Pai. Como batizados e plenamente integrados na Igreja, tudo é feito no Espírito Santo. Por isso, oferecemos Jesus ao Pai no Espírito Santo.

                É Jesus quem se oferece por nós. Ele se ofereceu na cruz, ele se oferece novamente por intermédio de nossas mãos ao Pai, todas as vezes que celebramos a Eucaristia. Desse modo, Jesus atrai todos a Deus. Por isso, quando celebramos a Eucaristia, não somos os mesmos. É Jesus quem diz que esse pão eucarístico – que é o seu corpo e o seu sangue – é dado pelo Pai e é alimento que dura para a vida eterna. Os homens certamente só saberão tudo sobre a grandeza da Eucaristia no Céu, na comunhão definitiva com Deus. Contudo, se Jesus se entrega desse modo a nós, podemos ter plena confiança de que Ele está conosco todos os dias da vida. Ele não nos abandona. E todos os domingos quando vamos à Missa, Ele nos ensina a comungarmos de sua Eucaristia e a nos oferecer juntamente com ele ao Pai. A participação na Missa requer de nós também um aprendizado. Um aprendizado para a vida toda, é verdade! Porém, um aprendizado que cresce junto com a nossa fé e nos ajuda a experimentarmos, já aqui na terra, a doçura do convívio definitivo com Deus. Celebrar a Eucaristia é cumprir um mandamento solene de Jesus e, para nós, a garantia da vida eterna e princípio de vida espiritual, todas as vezes que ela é celebrada com verdadeira devoção.

A Igreja incentiva as crianças a freqüentarem s celebrações da missa e quando puderem fazer a catequese da iniciação cristã, logo sejam introduzidos na comunhão eucarística. Temos muitos relatos de como a Eucaristia foi vivida de modo tão intenso por muitas crianças. A comunhão para elas é um momento de autêntica maturidade na fé. Certamente as crianças passarão por muitos acontecimentos em suas vidas. Algumas mesmo que tenham comungado com intensidade do Cristo eucarístico, abandonará por um tempo a sua fé. Porém, não são mais os mesmos. Foram tocadas profundamente por Cristo. E é ele mesmo quem diz que “não perderá nenhum daqueles que o Pai lhe confiou” ().

 A Eucaristia é, portanto, a garantia de Deus de que fomos conquistados por Cristo.

 Por isso ele pode prometer: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e nunca morrerá” (Jo 6,).


 

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