domingo, 24 de março de 2013

Meditação Cristã e Liberdade

Por Maria Vanda (Ir. Maria Silvia, Obl. OSB)
 
Meditação Cristã na Quaresma  
 
                        Apresentamos, aos leitores, um texto que nos incitou a refletir mais sobre o termo liberdade, utilizado pelo autor, especialmente nesta semana de Páscoa.  Sem nenhuma pretensão de alargar o seu conteúdo, muito menos de explicitá-lo, (porque desnecessário, ante a sua clareza), sentimos apenas uma necessidade de enfatizar que a LIBERDADE, (primeira) nos foi dada por Deus e segundo Ele é que devemos usá-la.  Pois quando Deus, criou o homem, o conduziu para o amor e para a liberdade. Deu-nos, aprioristicamente, amor para nos unirmos e liberdade para crescermos.

                       Então, para não ficarmos presos a uma visão do homem quase que somente antropológica e sociológica, lembremos o grito de Santo Agostinho, (Bispo de Hipona), sobre a nossa dependência e carência inegável de sermos UM com DEUS,  logo, condicionados em nossa liberdade: 
Irmãos, qual a duração de nossos anos? Eles se desfazem cada dia. Os que eram não são mais, os que virão ainda não são. Uns passaram, outros virão só para passar por sua vez. O hoje só existe no instante em que falamos. As primeiras horas passaram, outras ainda não existem, virão, mas para se arremessar ao nada. [...]. Ninguém possui em si mesmo a estabilidade. O corpo não possui o ser, não permanece em si mesmo. Muda com a idade, muda com o tempo e os lugares, muda com as doenças e os acidentes. Os astros também não têm estabilidade; têm suas mudanças secretas, evoluem no espaço[...], não são estáveis, não são o ser.
O coração do homem também não é estável. Quantos pensamentos, quantos impulsos o movem, quantas volúpias o agitam e o dilaceram! O próprio espírito do homem , embora dotado de razão, muda, não tem o ser. Quer e não quer, sabe e ignora, lembra e esquece. Ninguém possui em si a unidade do ser[...]. Depois de tantos sofrimentos, doenças, dificuldades, e penas, VOLTEMO-NOS HUMILDEMENTE PARA ESSE UM. ENTREMOS NESSA CIDADE, CUJOS HABITANTES PARTICIPAM DO PRÓPRIO SER.   (Comentário ao Salmo 121,6 (PL 36,1623). – In Fontes, Olivier Clement – Ed. Subiaco.

                                           Segue o Texto  de D. Lawrence Freeman - OSB.


                                             Adentramos o espiritual através do poder da simples atenção transcendendo as limitações do ego. Para nós, durante estes dias, a história da paixão, morte e ressurreição do Senhor é o portal para este domínio. O poder da atenção é a chave que o abre. No espírito, o poder de todas as limitações é suspenso. "Onde o espírito está, há liberdade". Certos estados mentais podem imitar essa liberdade de espírito. Muitas pessoas desejam a liberdade desses estados e usam meios artificiais para induzi-los. Mas, por estes meios, as limitações de espaço e tempo são enfraquecidas ou dobradas, não transcendidas. O caminho para o espiritual respeita as leis da natureza.
                                         Quando a dimensão espiritual se abre para nós - em nós - ela lança uma nova luz sobre os mundos do espaço e do tempo em cujas limitações ainda vivemos. Continuamos humanos - limitados - mas as limitações não impedem a abertura total do nosso ser ao divino. Tornamo-nos divinamente humanos.

                                              Os mistérios da Páscoa são semelhantes aos que o mundo antigo chamava rituais de iniciação. A transformação final ainda está por vir. Mas aqui e agora - se não cochilarmos, se tirarmos a atenção de nossas limitações e o sofrimento que causam - iniciamos o processo e provamos o vinho novo que Jesus bebe conosco no Reino.
                                        O primeiro passo é entrar na história e deixá-la trabalhar em nós.         A meditação nos ajuda a ouvi-la, mas também nos abre para o ilimitado domínio do espírito, que é o significado e o propósito da história.

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