domingo, 20 de abril de 2014

Santo Anselmo, Bispo e Doutor da Igreja

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)


Nasceu em Aosta, no Piemonte (Itália), em 1033. Entrou para a Ordem de São Bento no mosteiro de Le Bec, na França. Ensinou Teologia a seus irmãos de hábito, ao mesmo tempo em que ia progredindo com entusiasmo no caminho da perfeição. Transferido para a Inglaterra, foi eleito bispo de Cantuária. Combateu valorosamente pela liberdade da Igreja, o que lhe causou duas vezes o exílio. Escreveu muitas obras de grande valor teológico e místico. Morreu em 1109.


A Liturgia das Horas e a reflexão no dia de Santo Anselmo,
Bispo e Doutor da Igreja :

Ofício das Leituras

Segunda leitura
Do livro ‘Proslógion’ de Santo Anselmo, bispo
(Cap. 14.16.26 : Opera omnia, edit. Schmitt,
Seccovii, 1938, 1,111-113.121-122)   (Séc.XI)

Que eu te conheça e te ame,
para encontrar em ti minha alegria
Encontraste, ó minh’alma, o que procuravas? Procuravas a Deus e viste que ele está muito acima de tudo, e nada melhor do que ele se pode pensar; que ele é a própria vida, a luz, a sabedoria, a bondade, a eterna felicidade e a feliz eternidade; e que ele é tudo isto sempre e em toda parte.

Senhor meu Deus, meu Criador e Redentor, dize à minh’alma sedenta em que és diferente daquilo que ela viu, para que veja mais claramente o que deseja. Ela se esforça por ver sempre mais; contudo nada vê além do que já viu, senão trevas. Ou melhor, não vê trevas, porque elas não existem em ti; porém vê que não pode enxergar mais por causa das trevas que possui.

Verdadeiramente, Senhor, esta é a luz inacessível em que habitas; verdadeiramente nada há que penetre nesta luz para ali te ver, tal como és. De fato, eu não vejo essa luz, porque é excessiva para mim; e, no entanto, tudo quanto vejo é através dela : semelhante à nossa vista humana que, pela sua fraqueza, só pode ver por meio da luz do sol e contudo não pode olhar diretamente para o sol.

Minha inteligência é incapaz de ver essa luz, demasiado brilhante para ser compreendida; os olhos de minh’alma não suportam fixar-se nela por muito tempo. Ficam ofuscados pelo seu esplendor, vencidos pela sua imensidade, confundidos pela sua grandeza.

Ó luz suprema e inacessível! Ó verdade plena e bem-aventurada! Como estás longe de mim que de ti estou tão perto! Quão afastada estás de meu olhar, de mim que estou tão presente ao teu olhar!

Estás presente em toda parte, e eu não te vejo. Em ti me movo, em ti existo, e de ti não posso me aproximar. Estás dentro de mim e a meu redor, e eu não te percebo.

Peço-te, meu Deus, faze que eu te conheça e te ame, para encontrar em ti minha alegria. E se não o posso alcançar plenamente nesta vida, que ao menos vá me aproximando, dia após dia, dessa plenitude. Cresça agora em mim o conhecimento de ti, para que chegue um dia ao conhecimento perfeito; cresça agora em mim o amor por ti até que chegue um dia à plenitude do amor; seja agora a minha alegria grande em esperança, para que um dia seja plena mediante a posse da realidade.

Senhor, por meio de teu Filho ordenas, ou melhor, aconselhas a pedir, e prometes acolher o pedido para que nossa alegria seja completa. Por isso, peço-te, Senhor, o que aconselhas por meio do nosso admirável Conselheiro; possa eu receber o que em tua fidelidade prometes, a fim de que minha alegria seja completa. Deus fiel, eu te peço : faze que o receba, para que minha alegria seja completa.

Por enquanto, nisto medite meu espírito e fale minha língua. Isto ame meu coração e proclame minha boca. Desta felicidade prometida tenha forme e sede a minha carne. Todo o meu ser a deseja, até que um dia entre na alegria do meu Senhor, que é Deus uno e trino, bendito pelos séculos. Amém.


Fonte :
‘In Liturgia das Horas II’, 1531, 1533


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