domingo, 5 de julho de 2015

Terrorismo coloca as sociedades de joelhos

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 

‘Uma abordagem internacional na luta ao terrorismo deve dar sempre ‘prioridade às vítimas’ e não fazer prevalecer interesses financeiros, políticos ou ideológicos, afirmou o Observador Permanente da Santa Sé junto à ONU em Genebra, Arcebispo Silvano Tomasi, ao pronunciar-se na 29ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos sobre o tema dos efeitos do terrorismo na vida dos indivíduos e dos Estados.


Aumento vertiginoso de vítimas do terrorismo

O autoproclamado Estado Islâmico, os milicianos do Boko Hara. Antes ainda a Al Qaeda e uma dezena de siglas nas quais se alistam homens e mulheres, levando nas mãos um fuzil ou uma metralhadora e na cabeça o objetivo de construir algo, espalhando medo e derramando sangue inocente. Dom Tomasi cita os nomes e faz um cálculo : do ano 2000 até hoje, ‘o mundo assistiu a um aumento vertiginoso de 500% no número de vítimas de ataques terroristas’. Somente em 2013 – acrescenta – 82% dos vítimas foram mortas em apenas cinco países : Iraque, Afeganistão, Paquistão, Nigéria e Síria. Um quadro de tamanha brutalidade que não traz boas perspectivas no horizonte. Antes pelo contrário, afirma com realismo Dom Tomasi, se delineia um recrudescimento na situação caso a comunidade internacional não encontrar um modo de fazer frente comum a esta ‘impunidade’ que os terroristas parecem desfrutar.


‘Potências antagonistas’ e o financiamento ao terrorismo

O terrorismo – observa o prelado, abordando especificamente o tema da sessão – traduz-se em milhões de pessoas sendo pisadas em seus direitos humanos e liberdades fundamentais. ‘O terrorismo é a antítese dos valores partilhados e dos compromissos que estão na base da convivência pacífica nacional e internacional’. Salta aos olhos a ‘globalização dos terrorismo’ que se vale – afirma – de ‘poderes políticos antagonistas’ tentados ‘a desempenhar um papel’ através do fornecimento às organizações integralistas de ‘recursos da moderna tecnologia, armas avançadas e financiamentos’, com uma queda dramática no sentido humanitário e social.


Efeito dominó

Como ‘o terrorismo não reconhece a dignidade das suas vítimas’, a sua virulência – afirma o Observador Permanente junto à ONU – gera uma espécie de ‘efeito dominó’, ou seja, uma vez ‘negado a uma pessoa o seu direito à vida, se abusa dos outros direitos fundamentais, incluído o direito à liberdade de credo e de culto, o direito de expressão e a liberdade de consciência, o direito à educação e o direito de ser tratados com a mesma dignidade como qualquer outro cidadão de uma nação, não obstante a diferença de religião, de status social e econômico, de língua ou etnia’.


Repercussão nas gerações futuras

Onde com a sua loucura destrutiva ‘o terrorismo efetivamente fincou pé, foi provocado um dano social e cultural irreparável que terá repercussões sobre as gerações futuras - denunciou Dom Tomasi. Destruindo a infra-estrutura das cidades e das regiões, sobretudo atacando os edifícios governamentais, as escolas, as instituições religiosas, o terrorismo coloca, literalmente, uma sociedade de joelhos. Além disto – prossegue – a demolição de sítios culturais e antigos por parte dos terroristas ameaça aniquilar a história das culturas e populações. Tal destruição cria terreno fértil para um extremismo ainda mais violento, perpetuando assim o círculo viciosos da violência com a multiplicação de ulteriores violências’.


Santa Sé defende esforços políticos concordes

Após ter falado das influências que o terrorismo exerce nas democracias, especialmente naquelas ainda não consolidadas – compreendidos os condicionamentos sobre os Estados que às vezes as utilizam como uma ‘desculpa’ para reduzir as liberdades fundamentais – Dom Tomasi reitera a profunda convicção da Santa Sé, para quem o terrorismo, ‘em particular aquelas formas derivantes do extremismo religioso, devem ser enfrentadas por esforços políticos concordes’, em particular com todas as partes locais e regionais interessadas.

O Observador Permanente da Santa Sé na ONU em Genebra conclui afirmando : ‘Os esforços para atingir uma abordagem comum na luta ao terrorismo devem dar prioridade às vítimas do terrorismo. Motivos financeiros, políticos ou ideológicos não deveriam nunca prevalecer sobre a capacidade de atingir a uma visão unitária de como a chaga do terrorismo deva ser combatida’.’


Fonte :
* Artigo na íntegra de http://www.news.va/pt/news/dom-tomasi-terrorismo-coloca-as-sociedades-de-joel


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