quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Turquemenistão : Uma pequena comunidade que progride

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

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 *Artigo de www.southworld.net


O Turquemenistão é um país interior da Ásia Central. Situa-se ao longo da antiga Rota da Seda, que liga Pequim ao mar Mediterrâneo e que durante séculos foi a via mais importante de ideias e de comércio entre a China e o mundo ocidental.


De acordo com etimologias populares que remontam ao século XI, a palavra turkmen deriva do termo persa tir, que os Turcos pronunciam «tür» (flecha) e kàmon, que se pronuncia «keman» (arco). Ao que se pensa, os Persas chamar-lhes-iam assim para salientar que eram arqueiros experimentados. Mas, com o passar do tempo, os povos turcos esqueceram-se do significado da palavra e confundiram o sufixo «man» – que mais tarde se tornaria «men» – com a palavra turca que significa «eu» (de fato, na maior parte das línguas turcas, turkmen significa «eu sou turco»). Geograficamente, o Turquemenistão estende-se por uma área de aproximadamente 500 000 km² e tem fronteiras com o Cazaquistão e o Usbequistão a nordeste, com o Afeganistão a sudeste, com o Irã ao sul e com o mar Cáspio a ocidente.
As cordilheiras de Kopet-Dag e Paropamisos (Indocuche), em forma de S, delimitam as fronteiras do país, enquanto a leste existem os desfiladeiros e as luxuriantes montanhas da Reserva Natural de Kugitang.

O deserto de Caracum é o coração do país. Cobre cerca de 80 por cento do território – uma área de quase 40 000 km² – criando uma paisagem deslumbrante, que é muito mais variada do que seria de esperar. O nome Caracum, que significa «areias negras» em línguas turcas, é emblemático, porque a areia é o elemento natural predominante nesta zona. A areia do deserto de Caracum contém um sal característico, resultante da evaporação das águas do mar e dos rios da região e os resquícios de depósitos minerais e alcalinos.

Tal como a maioria dos países da região, o Turquemenistão é uma terra de antigas tradições nômades. A sociedade turcomana tem mantido vivos os seus traços culturais, por meio do uso das roupas tradicionais, que em alguns casos são o emblema do estatuto social de uma pessoa, do artesanato dos tapetes e jóias, bem como pelas atividades como a criação de cavalos, a caça e as danças tradicionais. Os poemas e as canções folclóricas foram transmitidos oralmente de geração em geração antes de serem passados a escrito no século XX.

O Turquemenistão tem uma população de aproximadamente cinco milhões de habitantes. Atualmente, 85 por cento destes habitantes são turcomanos, 5 por cento usbeques e 4 por cento russos. A homogeneidade étnica resulta em parte dos fluxos migratórios das minorias russa e usbeque que se seguiram à fragmentação da URSS e independência do Turquemenistão em 1991.


Para lá do deserto

No início da década de 90, alguns padres católicos chegaram à Ásia Central, precisamente ao Cazaquistão. Um grupo de católicos de origem alemã residentes em Turkmenbashy, junto ao mar Cáspio, tendo tido conhecimento da presença de alguns padres na Ásia Central, escreveu ao Papa João Paulo II pedindo que fossem enviados sacerdotes para a sua zona. O papa reencaminhou a carta para o núncio em Almaty, no Cazaquistão, arcebispo Marian Oles, que se deslocou a Turkmenbashy e depois informou o Vaticano sobre a sua visita a essa comunidade. O papa entendeu que era altura de abrir uma missão católica no Turquemenistão e o próprio núncio foi encarregado de encontrar os missionários adequados para enviar para Turkmenbashy.

Os Oblatos de Maria Imaculada aceitaram a incumbência. O padre Marcello Zago, o superior geral, escolheu o padre Andrzej Madej, da província polaca, que chegou a Ashgabat em 1997.

Passados dezoito anos, a Igreja no Turquemenistão é composta hoje em dia por cerca de 160 batizados e outros tantos catecúmenos, pessoas de diferentes nacionalidades e diferentes origens. «Entre 1997 e Março de 2010, a Igreja no Turquemenistão foi apenas um gabinete da Nunciatura Apostólica, com estatuto diplomático», afirma o padre Andrzej. «Mas, em Março de 2010, obtivemos o reconhecimento legal do Ministério da Justiça como Igreja Católica Romana do Turquemenistão. A comunidade de Ashgabat era obviamente a maior, mas há também famílias católicas em Turkmenbashy, Mary e mais algumas aldeias e vilas.» A comunidade católica no Turquemenistão é servida por três padres e cinco religiosos.

O padre Andrzej faz um balanço dos dezoito anos que passou no Turquemenistão. «Criamos uma missão católica romana e, apesar de constituírem ainda uma comunidade pequena, os católicos estão a crescer. A nossa prioridade é a evangelização. Temos também o ‘ministério dos sacramentos’. A nossa missão pretende ser uma fonte de alegria e um raio de luz no deserto de Caracum, espalhando a mensagem de Jesus de amor, solidariedade e esperança, sempre no respeito pela cultura e pelas tradições deste belo país.»

O padre Andrzej realça também os antecedentes e nacionalidades diferentes dos membros da comunidade católica do Turquemenistão. «Todos os domingos, fiéis de quinze nacionalidades diferentes celebram a Eucaristia. São egípcios, filipinos, polacos, italianos, americanos, coreanos, etc. Ao mesmo tempo, a comunidade católica foi estabelecendo uma boa relação com a população do Turquemenistão.»

E, conclui o padre Andrzej, «há também algumas vocações a despontar dentro desta pequena comunidade. A nossa presença pretende ser um sinal. Posso dizer que a vida da comunidade de Ashgabat é diferente todos os dias, todos os dias existem novas oportunidades de encontro. Praticamos formas de ecumenismo e cuidados aos outros. A Boa Nova fascina e atrai pessoas para Jesus. A Palavra de Deus tem o poder de unir pessoas que estão dispersas ‘como ovelhas sem pastor’. Hoje, a Igreja é uma comunidade de reconciliação, que cura os corações e as feridas da separação, proporcionando nova paz e confiança»’


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