domingo, 19 de junho de 2016

O desafio de ser cristão nas Arábias

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

*Artigo de Padre Olmes Milani,
Missionário Scalabriniano

‘É importante não generalizar conceitos ou preconceitos a respeito da presença do Islã, seja no Oriente Médio ou nos países do Extremo Oriente da Ásia.

Obviamente, as ações dos grupos radicais, no Iraque e Síria alimentam as notícias das redes da grande mídia internacional, dando a impressão de que o islamismo é igual em todos os lugares.

Expatriados de muitos países que trabalham e moram nos Emirados Árabes Unidos, Omã, Kuwait, Barhein, Qatar e Jordânia, respiram ares bastante diferentes.

Certamente a experiência de praticar religiões que não sejam o Islã é muito diferente, se fizermos comparações com países de tradição e cultura cristãs.

Nos Emirados Árabes Unidos, a presença islâmica é avassaladora. São 5.251 mesquitas espalhadas sobre um território, relativamente pequeno, de 83.600 quilômetros quadrados.

Salas de oração, em centros e edifícios comerciais e parques, reforçam ainda mais a atmosfera islâmica do país. Em qualquer parte da cidade, é possível ouvir os chamados para a oração, cinco vezes por dia, emitidos pelos poderosos sistemas de amplificação.

De acordo com o Research Center's Religion & Public Life Project : United Arab Emirates de 2010, dos quase 10 milhões de habitantes, 77% são islâmicos, 10% católicos, 4% hinduístas, 2% budistas e 7% outras religiões ou nenhuma.

Uma das preocupações comuns de quem vem morar por esses lados, e não é muçulmano, refere-se à prática de sua religião.

Será que é proibido seguir outra religião?’. ‘Será que existem igrejas cristãs?’. ‘Como será a vida de um cristão em um país muçulmano?’. Estas são as perguntas mais frequentes.

Os governantes dos Emirados Árabes Unidos e a mídia, sempre que uma ocasião se apresenta, manifestam seu orgulho de serem considerados um país aberto e tolerante com as outras religiões.

 As igrejas cristãs e templos no país são construídos em terras generosamente doadas pelos governantes de cada Emirado.

Atualmente, em todo o país, são 8 os locais destinados às igrejas e templos. Todas as atividades relacionadas com o culto e doutrinação devem ser realizadas, nas dependências das instituições religiosas.

As igrejas não têm permissão para exibir cruzes ou colocar sinos acima do teto. As construções devem ser baixas sem a opulência das igrejas cristãs de outros países.

Quase todas a igrejas católicas estão funcionando no limite de sua capacidade.

Além de usar todos os espaços internos dos edifícios, algumas delas levantaram grandes tendas para abrigar os frequentadores do sol, sob as quais participam das funções religiosas, transmitidas por telões.

Por ser um país islâmico cujo feriado semanal é a sexta-feira, as atividades religiosas dos cristãos e outras religiões sucedem neste dia em vez do domingo.

Para atender o maior número de participantes, são celebradas até 15 missas, numa sexta-feira, em 9 ou mais línguas. A curiosidade é que a liturgia dominical é celebrada nos três dias, sexta, sábado e domingo.

A Igrejas Anglicanas, além de edificarem seus lugares de culto, multiplicaram salas para acolher grupos cristãos que não possuem estrutura própria.

Aos estrangeiros e cidadãos locais, respeitar o Islã é tido como obrigatório. Blasfemar ou cometer sacrilégio contra qualquer religião é profundamente ofensivo.

O descumprimento dessas regras pode resultar em prisão ou deportação, previstas pela Constituição do país. O proselitismo com a intenção de converter muçulmanos é proibido, mesmo que seja praticado de maneira inconsciente.

O ensino de qualquer religião que não seja o Islamismo não é permitido, em escolas públicas. Por causa dessas questões, é importante ficar atento às manifestações de fé em público; por exemplo, colocar terços ou adesivos de cunho religioso no carro e usar vestimentas ou acessórios que ‘denunciem’ a sua crença, como as camisetas com imagens de santos e crucifixos. Isso é considerado como proselitismo.

Os muçulmanos têm muita dificuldade de aceitar qualquer ideia religiosa que não seja estritamente monoteísta. Embora não concordem com a definição de Deus Uno e Trino, os cristãos são bem vistos, por serem considerados ‘do Livro’, uma forma que se refere aos cristãos e judeus, por serem monoteístas.’


Fonte :
* Artigo na íntegra


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