terça-feira, 27 de setembro de 2016

Comemoração conjunta católico-luterana: um sinal de esperança a um mundo dividido

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

Permanecer no diálogo ao longo de décadas acaba gerando frutos.

‘Diante de conflitos mundiais generalizados, a vista do Papa Francisco às cidades suecas de Lund e Malmö para uma comemoração conjunta da Reforma será um ‘sinal de esperança’ a um mundo dividido e sofredor. É a opinião do Rev. Martin Junge, secretário geral da Federação Luterana Mundial, que participou do Dia Mundial de Oração pela Paz em Assis no começo da semana passada.

No dia 31 de outubro próximo, o pontífice e outros líderes da Federação Luterana Mundial irão presidir juntos uma celebração na Catedral de Lund, para pedir perdão por conflitos passados e dar graças pelos últimos 50 anos de diálogo ecumênico.

Em seguida, conduzirão uma celebração com os jovens na Arena de Malmö, centrando-se no compromisso com o testemunho comum e destacando a cooperação em áreas como a justiça, a paz e a proteção ambiental entre a Caritas Internationalis e a rede de Serviço Mundial da Federação Luterana Mundial.

O Rev. Martin Junge crê que estes eventos oferecem aos católicos e luteranos uma oportunidade única para mostrar que o diálogo produz, de fato, resultados concretos e que pode representar uma mensagem poderosa de unidade e serviço aos mais necessitados.

O líder luterano afirma que a comemoração conjunta ‘não saiu do nada’, dizendo ser ‘o resultado de diálogos e entendimentos teológicos profundos que há tempos vêm sendo feitos e que alcançamos’.

Estes resultados, acrescenta, estão bem documentados em ‘marcos muito importantes do processo ecumênico que tivemos com a Igreja Católica’, tais como a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, de 1999, a qual o Rev. Junge descreve um ‘pilar teológico’ desta comemoração conjunta como um todo.

Em segundo lugar, o secretário geral salienta o relatório conjunto de 2013 emitido pela Comissão Católico-Luterana para a Unidade chamado Do Conflito à Comunhão, que conta a história da Reforma a partir de uma perspectiva compartilhada. Esse documento, diz ele, identifica questões teológicas que foram superadas, mas também algumas das tarefas que se encontram à frente, em particular os debates sobre o ministério, a Igreja e a Eucaristia.

O reverendo observa ainda que as igrejas católica e luterana locais carregam ‘memórias diferentes e experiências diversas’, algumas das quais são ‘dolorosas e difíceis’ e que, portanto, segundo ele, ‘a tarefa de cura das memórias’ está diante de nós. O líder luterano acrescenta que há um ‘padrão claro’ na forma como as igrejas majoritárias e minoritárias se relacionam uma com a outra.

Mas a ‘grande oportunidade dessa comemoração conjunta’, diz, é que ‘iremos assumir essa história – não estamos negligenciando-a ou pondo-a de lado; nós a reconhecemos, mas ao mesmo tempo estamos dizendo que não queremos ficar presos à história’. Pelo contrário, queremos ‘nos tornar e permanecer abertos ao futuro comum, onde Deus nos convida a sair’ e o qual já compartilhamos por meio do batismo. Juntos iremos dizer : ‘queremos distanciar-nos dos conflitos’ e trabalhar naquilo que ainda temos de fazer no caminho à plena unidade.

Ao falar sobre os conflitos atuais, a violência e o rompimento dos canais de comunicação entre comunidades e países, Junge diz que a comemoração conjunta quer transmitir uma mensagem poderosa, segundo a qual ‘permanecer no – e sustentar um – diálogo ao longo de décadas acaba gerando frutos’. A mensagem poderosa que católicos e luteranos podem dar juntos, declara o luterano, é a de deixar deliberadamente o conflito para trás, na medida em que se passa a um novo estágio nas relações. Isso significa ‘não se ocupar consigo mesmo apenas, mas também estar bem aberto e ser bastante atencioso’ de forma que o estar junto transforme-se numa ‘fonte para os outros’ e num ‘sinal de esperança’ a um mundo ferido.’


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