terça-feira, 8 de agosto de 2017

Reflexões sobre o livro AS PERIPÉCIAS DE JENNIFER, de Dom João Baptista Barbosa Neto, OSB

Por Eliana Maria (Ir. Gabriela, Obl. OSB)

 
 *Artigo de Manoel Cardoso

Livro que instiga inicialmente a curiosidade do leitor, pois tem como um dos protagonistas um murídeo, através do recurso literário, personificação (age como ser humano). Não é muito comum as narrativas utilizarem animais em seus contextos, a não ser nos Contos de Fadas e em textos destinadas às crianças.  Recorda-se que nos tempos atuais, depois da segunda metade do século XX, apenas dois livros de maior destaque foram lançados empregando esse recurso : Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, e Cândido Urbano Urubu, de Carlos Eduardo Novaes. Dom João Baptista pode inscrever seu livro nesse cenário de simbologia, que prende muito o leitor, cuja curiosidade é despertada, pois uma Ratinha, de nome Jennifer, participará de todos as peripécias da obra, através da investigação, do abandono familiar, da busca da luz, fugindo das trevas de sua profunda cova.



O Autor, portador de invejável cultura, senhor de mil atributos, intima o leitor a participar das peripécias desse pequeno roedor, toma-o pela mão e vai conduzindo-o do jardim à intimidade de um mosteiro que tão poucos conhecem, em profundidade. E travestido como um pequeno murídeo, o leitor penetra na fundura daquele mundo, capela, refeitório, biblioteca, cela, pois a curiosidade se aguça à medida que a narrativa se desenrola. Soma-se a Jennifer e convive mais tempo junto ao protagonista, na biblioteca, seu espaço de atividade, e em todos os demais lugares pelos quais transita o narrador.

Quando o leitor quase está certo de que o espaço da narrativa é um Mosteiro Brasileiro, no capítulo VII, experimenta grande surpresa, ao constatar que o espaço real é a Abadia de São Miguel, na Áustria, onde predomina a arte barroca com toda a sua riqueza arquitetônica, em voga no século XVIII... E a narrativa se faz grande, através das informações sobre o mundo sombrio, em aparência, e luminoso na realidade, de um mosteiro.  O leitor segue os passos do narrador e de Jennifer, inteira-se das atividades diárias, do trabalho do bibliotecário, do encarregado da cozinha, da horta e dos passos essenciais à espiritualidade, necessários ao ingresso na Ordem.

O leitor é ainda seduzido pela rica cultura revelada, pelas armadilhas que se lançam, através de uma narração dinâmica, de um vocabulário erudito, mas plausível, e pelo profundo conhecimento de todos os recantos de uma Abadia, espaço da obra, e onde se desenrola a vida monástica.

Aplausos ao autor que se inaugura num patamar bem alto no mundo da literatura. 

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